domingo, 15 de abril de 2007

Ricardo - ''Para mim é um privilégio representar o Sporting''


Chegou ao Sporting como benfiquista assumido. Hoje diz que não é bem assim. «Isso está um bocado deturpado», esclarece Ricardo. Actualmente é um dos capitães de equipa, defende e elogia a formação do clube e já manifestou que gostava de jogar de leão ao peito até aos 40 anos. Numa altura em que se fala da hipótese de renovar contrato com o Sporting, Ricardo falou, bem disposto, do sentimento que tem pelo clube leonino e fez uma confissão curiosa: o vício de roer as unhas enquanto vê o Boavista jogar.

«Até ao fim da minha vida nunca irei esquecer os anos que passei no Boavista. Passei oito anos da minha vida numa casa que me fez crescer em tudo. De certeza que até ao fim da minha vida roo as unhas a ver qualquer jogo do Boavista, a não ser nos nossos jogos porque estou de luvas e quero que ganhemos. De resto eu gostava que o Sporting ganhasse sempre e o Boavista quase sempre. Nós aprendemos a gostar e eu tive o privilégio de escolher o Sporting para jogar. Assumi-o na altura, porque é um clube diferente onde as pessoas se identificam com a minha maneira de estar no futebol e na vida, que é com transparência e muito carácter», afirmou.

Ricardo fez questão de reforçar que a ligação ao clube de Alvalade é cada vez mais forte: «Ser do Sporting e começar a sofrer muito pelo Sporting fez com que passasse por alguns dissabores que fazem parte daquilo que nós gostamos tanto. Nós adoramos os nossos filhos e também passamos dissabores com eles. Passa-se o mesmo quando nós nos dedicamos a um clube que não vou esquecer até ao resto da minha vida. De certeza absoluta que vou estar sempre grato aos momentos que aqui passei. A forma de gostar de estar no Sporting vai acumulando-se de dia para dia, com o trabalho, com o sucesso e insucesso. Isso faz com que saibamos porque é que sofremos.»

O guarda-redes não pensa em despedir-se de Alvalade. Bem pelo contrário. Ricardo tem a intenção de renovar contrato: «Tenho contrato com o Sporting durante mais um ano e não é preciso apressar nada. O interesse é mútuo. Para mim é um privilégio representar o Sporting. Se a Direcção está disposta que continue, eu também tenho o privilégio de continuar. Mas nós não sabemos o dia de amanhã por isso o melhor é fazermos o nosso trabalho independentemente do que possa vir a acontecer.»

Apesar da vontade de permanecer no Sporting, Ricardo ainda gostava de poder jogar no estrangeiro. «Nunca escondi a minha ambição de levar mais um pouco do nosso futebol para fora, mas essa ambição de jogar lá fora num grande clube europeu era pela experiência e coisas diferentes que encontraria. Por vezes paramos e pensamos o que é que poderemos querer melhor para nós do que estar num clube deste, que é um dos grandes da Europa. Por isso, um dia se isso tivesse que acontecer teria que ser para muito melhor. O que é difícil», disse.
O facto de ter a titularidade como que garantida não impede Ricardo de considerar que tem espaço de evolução em Alvalade: «Jogamos quase sempre porque temos que trabalhar muito bem. Há uns que dizem que têm muita sorte ou pouca sorte. A sorte dá muito trabalho a conseguir. Digo sempre: nós nascemos sem saber e morremos a aprender. Sei que vou continuar a evoluir até ao dia que colocar um ponto final na minha carreira. Estarei sempre a aprender com os mais novos ou os mais velhos. Quem tiver a noção que já atingiu o máximo das suas capacidades é porque sabe que chegou ao limite e dai para a frente é só para pior.»

O Sporting é a defesa menos batida da Europa. Este registo agrada a Ricardo que atribui a um reflexo do trabalho colectivo: «Era um consolo grande se fossemos em primeiro. Conseguimos isso e é bom. É sinal que estamos no caminho certo, mas sabe sempre a pouco. Independentemente de querermos ser melhores, temos que salientar que tudo é fruto de trabalho de muita gente dentro de campo. Funciona tudo com um colectivo muito forte e unido para que os números apareçam. Não só os defesas.»